O evento teve início no dia 10/4, à tarde, com uma visita ao Instituto Butantan localizado junto à USP em São Paulo. Foram 14 pessoas que visitaram o Museu das Cobras e o Museu de Microbiologia. O primeiro foi elogiado pela grandeza, diversidade e modernidade, incluindo espécies de todas as regiões da terra. Um aluno de doutorado, especialista em répteis, acompanhou o grupo respondendo às perguntas com simpatia e competência. O segundo chamou a atenção pelo número de alunos do primário e do ginásio que estavam visitando o museu acompanhados por guias e o entusiasmo que estes alunos assistiam a todas as apresentações. Com relação aos humboltianos, incluindo o Prof. Fanghänel, as discussões se deram em torno da disseminação de doenças como a dengue e a febre amarela, além da atual preocupação com a epidemia decorrente da pneumonia asiática. O dia se encerrou com uma visita à USP e um "happy hour" no clube dos Professores da USP. É importante ressaltar que as instalações da USP foram muito elogiadas pelos convidados estrangeiros.

O início formal do evento ocorreu na sexta feira de manhã através das palavras proferidas pelos membros da mesa: Prof. Dr. Paulo Carlos Kaminski (Presidente do Clube Humboldt do Brasil); Sr. Christian Schulz (Cônsul Cultural da Alemanha em São Paulo) e do Prof.Dr. Jochen Fanghänel, professor convidado da Universidade de Greifswald, Alemanha. Estiveram presentes na solenidade de abertura autoridades de Associações Culturais Brasil-Alemanha, Instituto Martius-Staden, Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, CAPES, USP e DAAD.

Logo após a abertura houve apresentações dos humboldtianos Irany e Erwin, como pode ser visto no programa. A primeira encorajou o debate sobre o tema "erro médico" e o problema da "ética no diagnóstico da morte de um paciente", que não é tão simples assim. O debate continuou ao longo do almoço. A segunda tratou de um assunto não ligado ao tema BIOTECH mas que teve uma grande repercussão entre os convidados. Ou seja, o que ocorre quando se tenta retraduzir uma obra para o idioma de origem. Para exemplificar os "perigos", o humboldtiano Erwin, atual presidente da Academia Paulista de Letras, citou uma retradução de uma obra de Martius.

No período da tarde houveram 5 apresentações. Pode-se ressaltar, do ponto de vista político, a apresentação do humboltiano Estevão Martins, atual Diretor para a Cooperação Internacional da CAPES, que mostrou dados que, segundo os critérios utilizados e questionados pelo Sr. Schwamborn do DAAD/Brasil, colocam o volume dos bolsistas brasileiros (mestrado e doutorado) na Alemanha, atrás de outros países europeus como a França e a Espanha. Este fato deixou os participantes preocupados. A palestra do humboltiano de La Plata, Argentina, Prof. Dr. Rolando Pomar trouxe ao debate a necessidade da integração do sistema de pesquisa na área de Biotecnologia das Instituições de ponta da América do Sul. Principalmente em se tratando do Genoma. Os participantes elogiaram a apresentação e foram muito ativos na sugestão de idéias para incrementar esta atuação. Cientificamente, o que mais interessou foi a palestra do humboldtiano Schatzmayr que apresentou a evolução e as reais possibilidades em se desenvolver vacinas através do uso de plantas e não mais animais. Este foi um ponto alto do evento.

A recepção, sexta feira à noite, oferecida pelo Cônsul Cultural, Sr. Christian Schulz em sua residência foi um sucesso. Deve ser ressaltada a hospitalidade e cordialidade do Sr. Christian Schulz e também a integração entre os humboldtianos das várias gerações e carreiras diferentes, o que aliás, é um objetivo central do encontro.

Durante o período da manhã de sábado aconteceu a mesa redonda presidida pelos humboldtianos Marisa Amato e Bruno König. O ponto alto foram as apresentações e debates ocorridos a partir da apresentação de trabalhos interdisciplinares e conjuntamente desenvolvidos entre o Brasil e a Alemanha sob o tema Implantes e Biomateriais. Todos participaram com grande interesse e motivação no debate.

À tarde ocorreu a apresentação do Prof.Dr. Jochen Fanghänel que trouxe como grande contribuição, elogiada por todos, a evolução dos sistemas orofaciais humanos e suas anomalias. A apresentação do Prof.Dr. Eric Cosio de Lima, Peru foi interessante ao tratar de uma pesquisa científica para melhorar a vida de uma população carente da região dos Andes.

No sábado a noite houve o jantar festivo que consolidou a integração do grupo. Estavam todos animados e abertos a novas amizades.

No domingo o que se viu foi um grande debate sobre a função do professor no ensino do primário ao ensino universitário ensejado pelo trabalho apresentado pela humboldtiana Maria Amaral. Afinal, a grande maioria dos presentes eram professores. O debate se estendeu por mais de duas horas.

Por fim foi aberta a discussão de quais deveriam ser os próximos passos a serem dados pelo Clube Humboldt do Brasil através de sua diretoria. As sugestões foram várias com uma indicação forte de que o próximo evento deveria ter uma temática mais abrangente, que incluísse as três grandes áreas do saber: exatas, humanas e biológicas.

Resumindo, com a presença de um pesquisador da Alemanha, dois do Peru e um da Argentina, além de humboltianos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo e palestristas convidados de São Paulo e Rio de Janeiro, o evento foi rico na integração dos participantes e nos temas apresentados, fazendo com que todos saíssem satisfeitos e felizes com o evento.

Paulo Carlos Kaminski
Presidente do Clube Humboldt do Brasil
(2001/2003)

Português, Brasil