Reflexões sobre as mulheres na ciência

A Professora Doutora Vânia Gomes compartilha sua experiência como Química e Humboldtiana em relação a premiação de uma colega da família Humboldt, Emmanuelle Charpentier, contemplada recentemente com o Prêmio Nobel de Química 2020 e reflete sobre questões em torno da carreira de mulheres na ciência.

 

Vânia relata que num primeiro momento sentiu-se extremamente contente com a notícia e compartilhou a novidade com vários e várias colegas. Mais tarde veio a reflexão sobre a quantidade de mulheres premiadas com um Nobel – menos de 4%. E como as mulheres são vistas e ditas nas áreas de “ciências duras”. Ela explica que conforme as mulheres avançam na carreira, crescem as dificuldades.

 

“Falar sobre ciência de excelência, significa essa diversidade: o feminino, o local, a idade. Quantos anos são necessários para que se chegue até uma condição, para que essa mulher ou as mulheres tenham um local e uma posição de decisão?”  Questionou a pesquisadora.

“Isso ocorre com trabalho e trabalho muito duro, há o trabalho de dentro de casa e de fora dela.” Explica Vânia.

 

Relato pessoal:

“Quando eu recebi pela primeira vez a bolsa da Fundação Alexander von Humboldt a minha filha, naquela época, tinha 2 anos de idade e eu recebi todo o apoio. No Brasil eu tinha feito a solicitação e recebi um belo ‘Não’ - o belo aqui irônico. Na Alemanha me foi perguntado ‘isso é uma questão?’. Por quê? Porque para a Fundação o que conta é a excelência da pessoa em relação a sua trajetória, o seu currículo, o que produz, como produz. Não só o número, mas a qualidade desse número. O apoio se dá às pessoas e houve um apoio muito importante num período determinante para a minha carreira, pela Fundação.”

 

A humboltiana conclui “O que faz avançar a ciência é o diverso.”.

 

 

Vânia é bacharel e licenciada em Química pela Universidade de São Paulo (1993), mestre em Ciências (Química Analítica) pela Universidade de São Paulo (1997), doutora em Ciências (Química Analítica) pela Universidade de São Paulo (2001), com estágio doutoral em Química Analítica - Universitá degli Studi di Torino - Itália (2001). Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (2010). Pós-doutora em Química pela Universidade de São Paulo (2004), e pelo Centro de Pesquisas Ambientais - Helmholtz-Zentrum für Umweltforschung / UFZ - Alemanha (2005), com apoio da fundação Alexander von Humboldt (AvH), bem como pelo Green Chemistry Centre of Excellence, University of York (GCCE-UoY), Inglaterra (2014) e Leuphana University, Alemanha (2020). Atualmente é professora doutora da Universidade Federal de São Carlos junto ao Departamento de Química (Associada), credenciada ao Programa de Pós-Graduação em Química e ao Programa de Pós-Graduação em Educação, bem como professora visitante da University of York (UK) e Leuphana University (Alemanha).

 

Pesquisadora:

Prof. Dra. Vania G. Zuin (FRSC, CNPq-PQ)

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Leuphana Universität Lüneburg (Alemanha)

The University of York (Inglaterra)

 
Artigo IUPAC - Mind the Gap: Comparison of the role played by women in the departments of Chemistry of two universities and the influence of gender on their participation https://doi.org/10.1515/ci-2015-0404

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Autor: 
Bruna Senke Marcelino
Data de Publicação: 
25/10/2020
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